Figura Nº 13 - Localização das boias em galeria a Sul da base do poço da Virgem Traiçoeira (C7): Planta e Perfil
RESUMO DOS RESULTADOS
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS OBSERVADOS NA GALERIA INFERIOR PARA SUL DA BASE DO POÇO DA VIRGEM TRAIÇOEIRA
É provavelmente uma zona inundada maioritariamente através do volumoso débito proveniente da Cabeça do Crocodilo (181m) que funciona em refluxo ao longo desta parte da galeria pela criação de um nível suspenso temporário. O desenvolvimento para Sul objeto desta análise tem uma obstrução terminal à cota de 194 metros (teto). A sua ultrapassagem poderá ser determinante para o esclarecimento das dúvidas atuais (provável continuação mantendo o perfil ascendente da galeria e que pode acumular rapidamente escorrências vadosas criando temporariamente um nível suspenso interior mais elevado). Observou-se ainda uma pequena escorrência no chão proveniente da eventual continuação. Aparentemente é alimentada por uma rede de escorrências vadosas e some-se mais adiante (observada em visita no verão). Esta circulação em altura de cheia pode ser importante e ser também uma forma de transportar pequenas quantidades de areias. Houve, localmente, uma importante deslocação, para jusante, dos clastos da desobstrução que ficaram no chão (observação do ano seguinte.) É bastante provável que se forme, em zona interior desconhecida, um nível suspenso mais elevado com curta duração. Em face dos vários indicadores de existência de pressão elevada nesta ponta da galeria (descritos em 4.3 nos Aspetos Hidrológicos) coloca-se uma outra dúvida pertinente: não haverá nessa zona interior uma comunicação, temporária, com um nível suspenso mais elevado?
No desenvolvimento da galeria a jusante da Cabeça do Crocodilo apesar de haver a hipótese de vários locais de drenagem em profundidade antes da Stone Age eles terão um débito muito pequeno para evitar a elevação do nível suspenso local. Pelos resultados obtidos na monitorização dos níveis na Stone Age poderá ser possível esclarecer, com algum detalhe, a que cota chegou o nível suspenso nesta ponta da galeria. A colagem no teto da galeria (192m) da boia Nº 16 (colocada a 193m) indicia alguma pressão. A observação de areias num curto troço desta galeria sugere um pequeno aporte esporádico de origem desconhecida.
Figura Nº 14 - Ligeiramente a sul (5m) da base do Poço da Virgem Traiçoeira e por ação de refluxo poderá ocorrer alguma deposição de areias até à rampa de mini gours. A foto da esquerda sugere já alguma deposição de calcite na superfície da areia. (Fotos: Timóteo Mendes e André Reis).
Figura Nº 15 - Zona inclinada para Norte entre a base do poço da Virgem Traiçoeira e a Cabeça do Crocodilo. (Topografias. CEAE-LPN).
INTERPRETAÇÃO DESTA OBSERVAÇÃO
Boia de difícil identificação com número entre o Nº22 e 27 e também com uma movimentação difícil de explicar. Parece fazer parte do grupo colocado a jusante da Cabeça do Crocodilo onde provavelmente ficou, durante a fase de enchimento, em flutuação em chaminé ou, pressionada contra o teto. Quando o nível baixou, nessa zona, até próximo dos 182 metros ela desceu até ao nível acima da Cabeça do Crocodilo ficando do lado Sul dessa passagem. Uma possível ligeira elevação posterior do nível (cerca de 4m neste local) criou um movimento de refluxo que a levou para perto da base do poço da Virgem Traiçoeira. Esta água poderá ter resultado de uma escorrência vadosa ou de um transvase interior (desconhecido) por pequena elevação de níveis internos. Uma hipótese mais difícil de admitir é ser uma das boias desaparecidas na galeria da Virgem Traiçoeira (Nº12 ou 13) com um trajeto diferenciado do fluxo normal. Nesta situação haveria mais uma boia nesta zona (facto não verificado).
Figura Nº 16 - Localização das boias entre a Cabeça do Crocodilo e a Passagem do Lançamento: Planta e Perfil. (Topografias. CEAE-LPN).
RESUMO DOS RESULTADOS
NOTA: Uma destas boias deslocou-se mais para o interior da cavidade conforme já indicado na Fig. Nº 12.
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS OBSERVADOS NA CONDUTA ENTRE A CABEÇA DO CROCODILO E A PASSAGEM DO LANÇAMENTO
A elevação do nível de enchimento desta parte da conduta e também para Sul da Cabeça do Crocodilo vai sendo progressivo e com ligeiro retardamento devido à grande extensão mais ou menos horizontal e ao volume total a ocupar. Acima dos 185 metros o aumento do fluxo transvasa para a continuação descendente da galeria até ao longo estreitamento da Passagem do Lançamento. A rapidez da subida da água nesta zona mais baixa e estreita não permitiu a passagem de qualquer boia na frente de cheia. Não nos é possível perceber se através de alguma conduta inferior, mesmo diminuta, esta parte final da Passagem do Lançamento (montante) e da sala a seguir (jusante) já estariam em enchimento (base dessa sala a 178m) e portanto a Passagem do Lançamento sifonada.
Esta possibilidade é a mais provável visto existir uma passagem estreita, desconhecida, ligeiramente descendente entre estes dois locais referidos e poderá haver um aumento significativo da escorrência vadosa logo a montante da Passagem do Lançamento. O nível suspenso mais elevado nesta parte da cavidade será possivelmente definido pela análise de resultados das boias colocadas na Stone Age. Muito provavelmente só pequenas áreas mais elevadas nos topos das chaminés mais altas não serão inundadas. Parece evidente que a pequena galeria interior na Cabeça do Crocodilo não funciona como drenagem para níveis inferiores (mantem nível de água interior todo o ano). No seu interior e a maior cota poderá eventualmente haver algum transvase para maior profundidade.
Pela sua relevância o transporte e deposição de areias nesta parte da cavidade será descrito, mais à frente, quando abordarmos as condicionantes físicas da circulação hídrica no Buraco Roto.
Figura Nº 17 - Localização das boias na zona da Stone Age: Planta e Perfil. (Topografias. CEAE-LPN).
RESUMO DOS RESULTADOS
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS OBSERVADOS NA STONE AGE
A Sala Stone Age funciona como aparente barreira final para a criação deste nível suspenso temporário. No local mais elevado do chão à cota de 192 metros a boia colocada nesse ponto (Nº 32) não se deslocou. A boia Nº 31 colocada cerca de um metro mais abaixo na rampa descendente a Oeste foi levada pela água e depositada um pouco à frente. Estava junta com duas das boias do grupo das 5 colocadas em sucessão descendente de metro a metro no lado Sul da sala. A particularidade da localização da deposição deste grupo de 3 boias faz supor que foram travadas pela saliência da parede e que foram descaindo à medida que o nível suspenso foi baixando lentamente. A cota da localização rondará os 189,5 metros. O nível suspenso para montante ultrapassou os 191m (boia dessa cota levada pela água) mas não é possível precisar por quanto tempo se manteve este nível ou ainda se subiu mais algumas dezenas de centímetros. Após a paragem de passagem do fluxo na parte menos elevada do chão na sala Stone Age os abaixamentos dos níveis suspensos para montante e para jusante da cota desse ponto passaram a ser independente e provavelmente a velocidades diferentes.
Próximo do local onde foi colocada a boia Nº32, no chão a 191 metros abre-se um estreito poço com evidentes indícios de continuações. Desconhece-se o seu papel em relação aos fluxos locais mas o mais provável é ser mais um local de transvase para níveis inferiores. Na parede oeste da sala inferior desta zona (- 12m) ocorrem também duas hipóteses de estreitas continuações mais ou menos horizontais a um nível semelhante ao da Passagem do Lançamento. O chão da sala parece funcionar como principal ponto de acumulação de areia. Este facto será descrito em pormenor, mais à frente, quando descrevermos as condicionantes físicas da circulação dos fluxos hídricos no Buraco Roto.
Figura Nº 18 - Localização das boias na zona da Passagem da Lengalenga: Planta e Perfil. (Topografias. CEAE-LPN).
RESUMO DOS RESULTADOS
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS OBSERVADOS NA PASSAGEM DA LENGALENGA
Como era espectável a água subiu acima da cota da boia Nº 35. Muito provavelmente até o último metro da cúpula do poço terá sido inundado. Apesar da aparente inutilidade desta monitorização os resultados obtidos permitem formular algumas hipóteses mais prováveis da forma como ocorreu a subida dos níveis da água, quer a montante, quer a jusante, neste espaço de grande variação brusca de nível das condutas mais ou menos inclinadas mas no conjunto quase horizontais (níveis de cima e de baixo dessas variações).
Primeira hipótese - A subida do nível da água a jusante do poço é independente do transvase proveniente do interior a montante. Esta subida não é simultânea e igual (principio dos vasos comunicantes) de ambos os lados. A elevação do nível no interior foi mais rápida pelo que deve ter ocorrido um transvase inicial em cascata para o poço com vários metros de desnível, nesse momento. A boia nº 35 entalada entre formações a um nível intermédio do poço é uma prova bastante evidente.
Segunda hipótese - A elevação dos níveis de ambos os lados poderá ocorrer quase em simultaneidade mas a predominância do fluxo interno não permite o movimento, para montante, das boias em flutuação. Após a suspensão do transvase proveniente do interior e à medida que a drenagem vai acontecendo o nível vai baixando e as boias vão ficando aleatoriamente pousadas ao longo do poço. Quando o nível da água atingiu uma cota entre os 182 e 183 metros o sistema, neste nível, voltou a entrar em carga embora mais moderada até uma cota acima dos 185 metros, no poço. Esta hipótese explicaria quer a localização da boia 35 quer a deslocação da boia referida a roxo na figura Nº 15. Provavelmente a montante da cabeceira do poço o nível dessa subida seria ligeiramente maior (sem interferir na elevação do nível da água do poço). Recorde-se que é a partir dessa cota que se inicia o transvase para a Passagem do Lançamento bastante a montante.
Terceira hipótese - O transvase funciona como descrito na primeira hipótese mas também ocorre a descida de nível descrito na segunda hipótese com a racarga descrita (estando a boia Nº 35 já bem entalada a interpretação das cotas, nesta situação, poderá ser diferente).