As particularidades da circulação hídrica ao longo do extenso e peculiar desenvolvimento interior da exsurgência do Buraco Roto (1200m conhecidos) criaram a necessidade de implementar um método de monitorização em toda a gruta para se tentar perceber o funcionamento dos prováveis transvases interiores ao longo da cavidade. Foi escolhido um sistema de amostragem baseado na colocação estratégica de 38 boias numeradas para a identificação, através do seu deslocamento, das condutas utilizadas e, se possível, determinar aproximadamente as cotas dos níveis internos atingidos (entre o Inverno de 2015 e a bombagem do sifão em Setembro de 2016 para se aceder aos desenvolvimentos mais interiores).
Foram recolhidas imagens (fotos e vídeos) de todos os pontos escolhidos para colocação bem como das mudanças de local aquando da verificação dos resultados e recolha dos marcadores encontrados.
Os pontos de colocação das boias revelaram-se muito importantes bem como o formato peculiar destas. Ilustramos a seguir algumas das disposições utilizadas.
Figura Nº 1 - Colocação das boias por vezes muito desfazadas em altitude (foto da esquerda) ou em pontos especiais como vai ser referido no texto. A foto do meio ilustra a boia Nº16 à cota de 193 metros (galeria 2014) e a foto da direita a Nº 32 à de 192 metros (Stone Age). (Fotos: Pedro Pinto).
As boias escolhidas, muito leves, com a forma de uma calha em U e numeradas na parte interna com verniz não se revelaram completamente satisfatórias no que respeita à numeração (local interno mais protegido).
Figura Nº 2 - Amostragem mais precisa da escala das boias (foto da esquerda). Na foto do meio ilustra-se a posição final das boias Nº 8 e 9 que foram um bom indicador para definir o nível superior atingido dentro da gruta. Foto da direita mostra três boias encavalitadas e encostadas a blocos (posição de equilibrio muito peculiar e estranha pois parece terem descaido 30 cm). Estão um metro acima da Passagem do Caos e a uma cota ligeiramente abaixo dos 190 metros. (Fotos: Marco Messias)
A grande leveza das boias e a sua configuração especial acabaram por ser fatores positivos.
Figura Nº 3 - Sendo espectável o aparecimento de boias entaladas pelas subidas de nível (Nº 35) não era previsivel a sua colagem no teto por pressão (nº16 a 192m) e ainda menos lateralmente em parede. (Fotos: Timóteo Mendes).
Uma questão não prevista foi o resultado de abrasão provocada pela areia sobre os números e sobre as boias. A numeração foi apagada em 8 boias tornando impossível a sua identificação. Um fator favorável foi o grande afastamento entre os vários pontos de amostragem pelo que não houve mistura de boias entre as várias zonas.
Figura Nº 4 - Na zona da gruta entre a Passagem do Lançamento e o final da Galeria 2014 a abrasão da areia apagou o número de seis boias. Provavelmenta no poço da Passagem da Lengalenga foi o forte gotejamento de água com grande desnível que apagou os números de duas boias. (Fotos: Timóteo Mendes).
Das 38 boias colocadas somente 4 não foram recuperadas: três no meandro da Virgem Traiçoeira e uma antes da Passagem da Lengalenga. A Nº 11 só foi recuperada em 2017 mas fora da zona interior da gruta.
Figura Nº 5 - Localização da amostragem em Planta e Perfil na zona mais interior da gruta (parte oriental). (Topografias. CEAE-LPN).
RESUMO DOS RESULTADOS
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS OBSERVADOS NA PARTE MAIS ORIENTAL DA CAVIDADE
A posição em que foram encontradas as boias 6, 8 e 9 indicia um nível suspenso próximo dos 198m e esclarece que não deve ter havido transvase da parte interior da cavidade para a conduta principal embora por cerca de um metro. Qual a proveniência da água que inundou parcialmente a área logo a seguir ao S de Senna (a boia 7 sumiu, as 8 e 9 aproximaram-se da zona de transvase)? Tal como o aporte, o posterior escoamento deste nível suspenso (após paragem do fluxo) deve ter sido feito pela galeria descendente mais oriental da gruta. É também uma possível explicação do trajeto da boia 7 (verificar se não se encontra por essa zona logo a seguir ao ponto de colocação das boias 8 e 9). A grande quantidade de argila depositada junto à parede desta galeria próximo da posição inicial das boias 8 e 9 é um indicador da passagem, por aqui, de fluxos em situações extremas mais importantes ou devido a colmatações parciais por detritos ao nível da principal passagem de fluxo (A). Neste local não é possível perceber se estamos em presença, para lá das obstruções, de um afluente ou de uma derivação da conduta principal de aporte.
A galeria que se desenvolve para Sul (boias 1,2,3,4 e 5) está aparentemente fossilizada e resultou de uma evolução, desta parte da cavidade, num período em que o nível freático estaria mais elevado. Só em situações de precipitações extremas e/ou invulgares poderá voltar a ser parcialmente inundada. A cota máxima do nível suspenso no meandro da Virgem Traiçoeira será um possível elemento de comparação e esclarecimento da cota do nível suspenso destas zonas mais interiores da cavidade.
A manutenção da boia nº 10 na mesma zona (refeitório) em ponto lateral da conduta principal parece revelar que, nesta localização, ela ficou fora do fluxo local embora acompanhando a subida do nível. A sua posição lateral manteve-se durante o abaixamento final do nível voltando a ocupar uma posição semelhante à de colocação (a 2m de distância). A boia nº11 colocada no chão foi levada pelo fluxo inicial e ficou retida entre blocos no chão da galeria da Virgem Traiçoeira (recuperada no ano seguinte).
Figura Nº 6 - Localizações da amostragem na zona da V irgem Traiçoeira e meandro até próximo do Refeitório: Planta e Perfil. A boia Nº 11 deslocou-se desde a zona do Refeitório até este local. (Topografias. CEAE-LPN).
OUTRAS OBSERVAÇÕES - Para além da colocação das boias foi efetuada uma marca de areia até dois metros de altura nas paredes do meandro; um pouco a montante foi encontrada uma garrafa entalada em fenda lateral do meandro a cerca de 2,50m de altura. Entalada no meio dos blocos do chão um pouco a jusante das boias 12 e 13 encontrava-se outra das garrafas de plástico esquecidas. Foi ainda feita uma recolha de areias em zona próxima da cabeceira do poço da Virgem Traiçoeira (C).
Figura Nº 7 - Foto da esquerda ilustra a marca de areia deixada na parede do meandro e a da direita a garrafa esquecida no refeitório que ficou entalada a 2,50 metros de altura um pouco a montante da marca de areia. (Fotos: Pedro Pinto e Marco Messias).
RESUMO DOS RESULTADOS
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS OBSERVADOS DEPOIS DO POÇO DA VIRGEM TRAIÇEIRA E AO LONGO DE TODO O MEANDRO PARA ESTE
Era espectável que as boias 12 (a 1 metro do chão) e 13 colocadas no leito da conduta principal fossem levadas pelas primeiras águas a escorrer por esta conduta. A colocação de marcas de areia na parede até 2 metros de altura (198m) foi uma tentativa de avaliar o nível a que a água chegaria no máximo do transvase. Toda a areia desapareceu. As marcas não tinham altura suficiente. Mas a alguns metros mais para o interior foi observada uma garrafa de plástico (talvez restos de água potável esquecida no refeitório) parcialmente entalada em fenda lateral perto do teto do meandro a cerca de 2,50 metros acima do chão (cota próxima dos 198m). Neste ponto o meandro apresenta maior altura. Provavelmente foi esta a altura máxima alcançada pela água já que a garrafa se encontrava em posição horizontal. O deslocamento pouco expressivo das boias 14 e 15 revela que a cascata da Virgem Traiçoeira esteve seca e que mesmo na pequena conduta um metro abaixo da cabeceira do poço não deve ter havido fluxo (cota próxima de 199m); apenas uma pequena escorrência local. É muito provável terem sido deslocadas pela subida da água no interior do poço.
De forma indireta e por comparação de níveis dos aquíferos suspensos (198m), aqui e no extremo oriental da cavidade, verifica-se que a existir efeito de vasos comunicantes a ligação estará para lá das áreas conhecidas da cavidade. Assim, muito provavelmente, o nível do aquífero suspenso em ambas as zonas atingiu a cota dos 198, no máximo 198,5 metros. A situação de grande enchente que se verificou no interior da cavidade em 2016 proporcionou o nível ideal para ilustrar o funcionamento destes níveis suspensos e, da comunicação entre eles. Indica ainda que para lá das estreituras que ainda não ultrapassámos haverá uma grande probabilidade desse nível se estender com alguma amplitude mais para o interior do Planalto.
Como e porque funciona desta forma a elevação destes dois níveis suspensos?
Figura Nº 8 - Sucessão de passagens estreitas com 10 a 15 cm de largura, ao longo de dois metro de parede, por onde se faz o principal aporte de água para o Buraco Roto (foto da esquerda e central muito aumentadas).
A enorme quantidade de estilolitos e veios de calcite são importantes indicadores tectónicos. (Fotos: Pedro Pinto).
Na figura Nº 8 são observáveis 4 das fendas por onde ocorre a principal drenagem de um nível suspenso a montante. Encontram-se à cota de 190 metros e estão referenciadas na primeira planta (fig. Nº 1) pela letra A. No ponto B desse mesmo mapa à cota de 196 metros existe outra estreiteza por onde flui a água do nível suspenso interior quando ultrapassa essa cota. Quando for ultrapassada a cota dos 199 metros a montante das estreitezas A e B estes dois fluxos juntar-se-ão na zona do refeitório. O efeito de "ralo" criado pelas estreitezas passará a ser menor pelo que o fluxo poderá ser ligeiramente superior. A argila depositada na zona das boia 8 e 9 (cota 196 m) revela a importância desta conduta em situação de maior fluxo. A grande quantidade de areia depositada no troço ascendente desde as estreitezas localizadas a 190 metros (A) até ao refeitório (incluído) e em grande parte do chão do meando da Virgem Traiçoeira especialmente na sua parte oriental revela a possibilidade de ser este o principal trajeto da areia no seu transporte para a gruta.
Figura Nº 9 - Deposição de importantes quantidades de argilas e areias no inverno 2014/2015. Foto da esquerda argilas na zona das boias Nº 8 e 9; fotos centrais - areias no troço ascendente a jusante das estreitezas a 190 metros; foto da direita - chão do meandro da Virgem Traiçoeira. (Fotos: Pedro Pinto e André Reis).
Uma verificação importante quando em Setembro de 2016 se tentou ir observar as estreitezas a 190 metros foi a descida de grande parte da areia depositada no troço ascendente (atrás referido) quase obstruindo a passagem. Esta observação evidencia alguma velocidade no esgotamento, para montante das estreitezas, do significativo volume de água que ficou suspenso após baixar dos 196/197 metros (nível de transvase para a zona da Passagem da Cabeça do Crocodilo) na parte terminal do meandro da Virgem Traiçoeira e zona descendente a seguir ao refeitório. Não é provável a possibilidade destas areias resultarem de um novo e importante aporte exclusivamente proveniente do interior desconhecido. Nesta situação a movimentação das areias já depositadas na parte ascendente deveria estar nesse local ou distribuida pela conduta a jusante (facto não verificado). O perfil deste novo depósito é concordante com o recuo das areias descrito.
Figura Nº 10 - Movimentação das areias resultante do esvaziamento para montante do nível suspenso mais interior ocorrido em 2016. As marcas amarelas e vermelhas referênciam o espaço preenchido pelo retrocesso das areias.
Uma maior obstrução, por areias, do troço ascendente (zona contigua a A) poderá potenciar um efeito de funil fazendo subir o nível para lá das passagens estreitas (zona a montate desconhecida). Nessa situação o escape pela estriteza B é potenciado quer em termos hidrícos quer em transporte de sedimentos.
O nível suspenso interior na parte oriental da gruta e em todo o longo e alto meando desde o refeitório até ao poço da Virgem Traiçoeira não deverá ultrapassar significativamente a cota dos 200m, mesmo em situações especiais, porque a partir desse nível passará a ter uma drenagem rápida em cascata por esse mesmo poço. O volume de água acumulado neste vastíssimo espaço até à cota de 198 metros teve uma drenagem, para jusante, por conduta ou condutas que desconhecemos localizadas na área delimitada pela elipse laranja no mapa (Planta da fig. Nº6). Só a partir da elevação ligeiramente acima dos 196/197 metros do nível superior, começa a drenagem para baixo, por essas passagens desconhecidas (zona de blocos no chão do meandro), até à pequena galeria interior para montante da Cabeça do Crocodilo (enchimento do nível inferior). Esta zona de passagem poderá ser bastante estreita ou estar sujeita a variações da localização de acumulações de areia e do seu volume pois é por aqui que se deve fazer quase todo o aporte de areias à zona a jusante da Passagem da Cabeça do Crocodilo. Uma eventual colmatação, mesmo que parcial irá permitir uma importante subida do nível suspenso acima dela. A passagem da Cabeça do Corcodilo a 181 metros acaba por ter ou complementar, aparentemente, esse efeito pois é o único "ralo" de drenagem, conhecido, desse volume de água a nível superior. Possivelmente toda a areia depositada a jusante passou por aqui. No entanto a recolha de areias efectuada em C ponto marcado na figura Nº 6 poderá confirmar outro ponto de passagem de areias em situações de fluxo extremas ou de uma maior colmatação na comunicação inferior para a Passagem da Cabeça do Crocodilo. Esta ocorrência poderá estar relacionada com alguns pequenos depósitos abaixo do poço da Virgem Traiçoeira e no inicio do prolongamento para Sul da galeria na sua base.
Figura Nº 11 - Estreiteza da Cabeça do Crocodilo. Na foto da esquerda observa-se a intensa abrasão provocada pela passagem da areia e na da direita o efeito da ação paragenética na parte superior. (Fotos: André Reis)
NOTA IMPORTANTE: Parece ser recorrente, para vários troços da gruta mesmo na parte antiga da cavidade, a existência a um nível inferior de um "ralo" por onde se faz a circulação do fluxo da conduta principal. A subida dos níveis a montante desses "ralos" acabou por provocar a ativação de condutas de escape que só são usadas, pela água, acima de determinados níveis suspensos a montante. Esta constatação atual terá uma interpretação completamente diferente se enquadrada na evolução da cavidade ao longo da sua história evolutiva. Os "ralos" e parte dos seus troços a montante são o resultado de uma evolução mais recente das condutas (gravidade) para que estas se aproximem cada vez mais do nível base. As antigas condutas a nível superior poderão ter tendência a ficarem desativadas. Há ainda uma elevada possibilidade de alteração das zonas de passagem do fluxo criada pela importante mobilização interna de areias. Na Cabeça do Crocodilo é notória a abrasão provocada por uma substancial passagem de detritos. Certamente existirão outras condutas, desconhecidas, a um ou mais níveis inferiores bastante colmatadas com areias por onde se fará uma percolação significativa quando os níveis suspensos na cavidade forem elevados. Em situações de grande fluxo de drenagem na exsurgência do Buraco Roto o débito bastante inferior na "nascente" da Loureira é um bom indicador dessa percolação (exsurgência próxima do Buraco Roto e cerca de 10 metros abaixo dele). Próximo dela e numa pequena extensão para sul ao logo do contacto da escarpa de falha e o terreno das hortas observam-se pequenos débitos de água que se perdem de imediato nos solos agrícolas.
Após o ciclone de 2013 foram observados fluxos significativos, embora de curta duração, brotando do solo e deixando pequenas covas nessas zonas de emissão ascendente no fundo do Vale do Malhadouro (190m).
Figura Nº 12 - Cova no fundo do vale resultante de forte fluxo ascendente de água. Com 1,20m de fundo, 2,50m de comprimento e 60cm de largura. (Foto: Raul Pedro)
Figura Nº 13 - Localização das boias em galeria a Sul da base do poço da Virgem Traiçoeira (C7): Planta e Perfil
RESUMO DOS RESULTADOS
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS OBSERVADOS NA GALERIA INFERIOR PARA SUL DA BASE DO POÇO DA VIRGEM TRAIÇOEIRA
É provavelmente uma zona inundada maioritariamente através do volumoso débito proveniente da Cabeça do Crocodilo (181m) que funciona em refluxo ao longo desta parte da galeria pela criação de um nível suspenso temporário. O desenvolvimento para Sul objeto desta análise tem uma obstrução terminal à cota de 194 metros (teto). A sua ultrapassagem poderá ser determinante para o esclarecimento das dúvidas atuais (provável continuação mantendo o perfil ascendente da galeria e que pode acumular rapidamente escorrências vadosas criando temporariamente um nível suspenso interior mais elevado). Observou-se ainda uma pequena escorrência no chão proveniente da eventual continuação. Aparentemente é alimentada por uma rede de escorrências vadosas e some-se mais adiante (observada em visita no verão). Esta circulação em altura de cheia pode ser importante e ser também uma forma de transportar pequenas quantidades de areias. Houve, localmente, uma importante deslocação, para jusante, dos clastos da desobstrução que ficaram no chão (observação do ano seguinte.) É bastante provável que se forme, em zona interior desconhecida, um nível suspenso mais elevado com curta duração. Em face dos vários indicadores de existência de pressão elevada nesta ponta da galeria (descritos em 4.3 nos Aspetos Hidrológicos) coloca-se uma outra dúvida pertinente: não haverá nessa zona interior uma comunicação, temporária, com um nível suspenso mais elevado?
No desenvolvimento da galeria a jusante da Cabeça do Crocodilo apesar de haver a hipótese de vários locais de drenagem em profundidade antes da Stone Age eles terão um débito muito pequeno para evitar a elevação do nível suspenso local. Pelos resultados obtidos na monitorização dos níveis na Stone Age poderá ser possível esclarecer, com algum detalhe, a que cota chegou o nível suspenso nesta ponta da galeria. A colagem no teto da galeria (192m) da boia Nº 16 (colocada a 193m) indicia alguma pressão. A observação de areias num curto troço desta galeria sugere um pequeno aporte esporádico de origem desconhecida.
Figura Nº 14 - Ligeiramente a sul (5m) da base do Poço da Virgem Traiçoeira e por ação de refluxo poderá ocorrer alguma deposição de areias até à rampa de mini gours. A foto da esquerda sugere já alguma deposição de calcite na superfície da areia. (Fotos: Timóteo Mendes e André Reis).
Figura Nº 15 - Zona inclinada para Norte entre a base do poço da Virgem Traiçoeira e a Cabeça do Crocodilo. (Topografias. CEAE-LPN).
INTERPRETAÇÃO DESTA OBSERVAÇÃO
Boia de difícil identificação com número entre o Nº22 e 27 e também com uma movimentação difícil de explicar. Parece fazer parte do grupo colocado a jusante da Cabeça do Crocodilo onde provavelmente ficou, durante a fase de enchimento, em flutuação em chaminé ou, pressionada contra o teto. Quando o nível baixou, nessa zona, até próximo dos 182 metros ela desceu até ao nível acima da Cabeça do Crocodilo ficando do lado Sul dessa passagem. Uma possível ligeira elevação posterior do nível (cerca de 4m neste local) criou um movimento de refluxo que a levou para perto da base do poço da Virgem Traiçoeira. Esta água poderá ter resultado de uma escorrência vadosa ou de um transvase interior (desconhecido) por pequena elevação de níveis internos. Uma hipótese mais difícil de admitir é ser uma das boias desaparecidas na galeria da Virgem Traiçoeira (Nº12 ou 13) com um trajeto diferenciado do fluxo normal. Nesta situação haveria mais uma boia nesta zona (facto não verificado).
Figura Nº 16 - Localização das boias entre a Cabeça do Crocodilo e a Passagem do Lançamento: Planta e Perfil. (Topografias. CEAE-LPN).
RESUMO DOS RESULTADOS
NOTA: Uma destas boias deslocou-se mais para o interior da cavidade conforme já indicado na Fig. Nº 12.
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS OBSERVADOS NA CONDUTA ENTRE A CABEÇA DO CROCODILO E A PASSAGEM DO LANÇAMENTO
A elevação do nível de enchimento desta parte da conduta e também para Sul da Cabeça do Crocodilo vai sendo progressivo e com ligeiro retardamento devido à grande extensão mais ou menos horizontal e ao volume total a ocupar. Acima dos 185 metros o aumento do fluxo transvasa para a continuação descendente da galeria até ao longo estreitamento da Passagem do Lançamento. A rapidez da subida da água nesta zona mais baixa e estreita não permitiu a passagem de qualquer boia na frente de cheia. Não nos é possível perceber se através de alguma conduta inferior, mesmo diminuta, esta parte final da Passagem do Lançamento (montante) e da sala a seguir (jusante) já estariam em enchimento (base dessa sala a 178m) e portanto a Passagem do Lançamento sifonada.
Esta possibilidade é a mais provável visto existir uma passagem estreita, desconhecida, ligeiramente descendente entre estes dois locais referidos e poderá haver um aumento significativo da escorrência vadosa logo a montante da Passagem do Lançamento. O nível suspenso mais elevado nesta parte da cavidade será possivelmente definido pela análise de resultados das boias colocadas na Stone Age. Muito provavelmente só pequenas áreas mais elevadas nos topos das chaminés mais altas não serão inundadas. Parece evidente que a pequena galeria interior na Cabeça do Crocodilo não funciona como drenagem para níveis inferiores (mantem nível de água interior todo o ano). No seu interior e a maior cota poderá eventualmente haver algum transvase para maior profundidade.
Pela sua relevância o transporte e deposição de areias nesta parte da cavidade será descrito, mais à frente, quando abordarmos as condicionantes físicas da circulação hídrica no Buraco Roto.
Figura Nº 17 - Localização das boias na zona da Stone Age: Planta e Perfil. (Topografias. CEAE-LPN).
RESUMO DOS RESULTADOS
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS OBSERVADOS NA STONE AGE
A Sala Stone Age funciona como aparente barreira final para a criação deste nível suspenso temporário. No local mais elevado do chão à cota de 192 metros a boia colocada nesse ponto (Nº 32) não se deslocou. A boia Nº 31 colocada cerca de um metro mais abaixo na rampa descendente a Oeste foi levada pela água e depositada um pouco à frente. Estava junta com duas das boias do grupo das 5 colocadas em sucessão descendente de metro a metro no lado Sul da sala. A particularidade da localização da deposição deste grupo de 3 boias faz supor que foram travadas pela saliência da parede e que foram descaindo à medida que o nível suspenso foi baixando lentamente. A cota da localização rondará os 189,5 metros. O nível suspenso para montante ultrapassou os 191m (boia dessa cota levada pela água) mas não é possível precisar por quanto tempo se manteve este nível ou ainda se subiu mais algumas dezenas de centímetros. Após a paragem de passagem do fluxo na parte menos elevada do chão na sala Stone Age os abaixamentos dos níveis suspensos para montante e para jusante da cota desse ponto passaram a ser independente e provavelmente a velocidades diferentes.
Próximo do local onde foi colocada a boia Nº32, no chão a 191 metros abre-se um estreito poço com evidentes indícios de continuações. Desconhece-se o seu papel em relação aos fluxos locais mas o mais provável é ser mais um local de transvase para níveis inferiores. Na parede oeste da sala inferior desta zona (- 12m) ocorrem também duas hipóteses de estreitas continuações mais ou menos horizontais a um nível semelhante ao da Passagem do Lançamento. O chão da sala parece funcionar como principal ponto de acumulação de areia. Este facto será descrito em pormenor, mais à frente, quando descrevermos as condicionantes físicas da circulação dos fluxos hídricos no Buraco Roto.
Figura Nº 18 - Localização das boias na zona da Passagem da Lengalenga: Planta e Perfil. (Topografias. CEAE-LPN).
RESUMO DOS RESULTADOS
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS OBSERVADOS NA PASSAGEM DA LENGALENGA
Como era espectável a água subiu acima da cota da boia Nº 35. Muito provavelmente até o último metro da cúpula do poço terá sido inundado. Apesar da aparente inutilidade desta monitorização os resultados obtidos permitem formular algumas hipóteses mais prováveis da forma como ocorreu a subida dos níveis da água, quer a montante, quer a jusante, neste espaço de grande variação brusca de nível das condutas mais ou menos inclinadas mas no conjunto quase horizontais (níveis de cima e de baixo dessas variações).
Primeira hipótese - A subida do nível da água a jusante do poço é independente do transvase proveniente do interior a montante. Esta subida não é simultânea e igual (principio dos vasos comunicantes) de ambos os lados. A elevação do nível no interior foi mais rápida pelo que deve ter ocorrido um transvase inicial em cascata para o poço com vários metros de desnível, nesse momento. A boia nº 35 entalada entre formações a um nível intermédio do poço é uma prova bastante evidente.
Segunda hipótese - A elevação dos níveis de ambos os lados poderá ocorrer quase em simultaneidade mas a predominância do fluxo interno não permite o movimento, para montante, das boias em flutuação. Após a suspensão do transvase proveniente do interior e à medida que a drenagem vai acontecendo o nível vai baixando e as boias vão ficando aleatoriamente pousadas ao longo do poço. Quando o nível da água atingiu uma cota entre os 182 e 183 metros o sistema, neste nível, voltou a entrar em carga embora mais moderada até uma cota acima dos 185 metros, no poço. Esta hipótese explicaria quer a localização da boia 35 quer a deslocação da boia referida a roxo na figura Nº 15. Provavelmente a montante da cabeceira do poço o nível dessa subida seria ligeiramente maior (sem interferir na elevação do nível da água do poço). Recorde-se que é a partir dessa cota que se inicia o transvase para a Passagem do Lançamento bastante a montante.
Terceira hipótese - O transvase funciona como descrito na primeira hipótese mas também ocorre a descida de nível descrito na segunda hipótese com a racarga descrita (estando a boia Nº 35 já bem entalada a interpretação das cotas, nesta situação, poderá ser diferente).
Como se pode observar pelo diagrama topográfico simplificado (ligeiramente basculhado para NW), em projeção 3D (fig. Nº 19), os cerca de 1200 metros de desenvolvimento da gruta do Buraco Roto apresentam alguma diversidade de cotas entre os vários desenvolvimentos com pequenas variações de nível. As ligações sequenciais entre essas várias partes vão-se fazendo por passagens verticalizadas com o respetivo chão (zona superior) a níveis quase sempre ligeiramente mais elevados à medida que se avança para o interior da cavidade. Ao longo de toda a gruta ocorrem estreitamentos acentuados (quase sempre próximos das cotas mais baixas) que em geral apresentam a particularidade de possuírem a montante espaços amplos. Ao longo dos últimos anos observaram-se depósitos de substanciais volumes de areia em alguns pontos da cavidade e a sua posterior remobilização. São sedimentos alóctones. Estes depósitos podem ser observados em zonas particulares ao longo de todo o desenvolvimento da gruta desde os ressaltos próximos da entrada até junto da obstrução final mais baixa ainda não ultrapassada (ponta de exploração). Não nos foi ainda possível determinar, com segurança, como é efetuada a ultrapassagem, pela areia, de certas zonas com condutas mais verticalizadas. Poderão existir e serem utilizadas para outras condutas interiores que desconhecemos.
Ao longo de algumas dezenas de metros no leito exterior da "nascente" do Buraco Roto só se observam vestígios de depósitos de areias. A sua passagem para o exterior não deverá ser significativa. Aparentemente volumes importantes de areias são transportados, no interior da cavidade, e depositados em possíveis níveis inferiores ou eventualmente laterais não conhecidos. Nas hortas e leito da "nascente" um pouco mais à frente há alguma areia mas é proveniente da mancha Cretácica localizada na zona.
Um facto interessante a referir é a igualdade das cotas entre o chão da entrada, na cavidade, e, da obstrução na ponta de exploração, a este (ponto A da Fig. Nº 19 a 190m).
Figura Nº 19 - Diagrama topográfico 3D simplificado. Referenciação toponímica adotada.
9.1.1 - Zona mais interior da gruta - Na ponta de exploração de 2015 foram ultrapassados depósitos com volume apreciável que quase obstruíam a passagem descendente para a sucessão de estreitezas à cota de 190 metros. Uma nota curiosa e um bom indicador de um eventual desenvolvimento mais espaçoso, a nível mais baixo, para lá dessas passagens estreitas foi o importante retorno das areias nessa direção em face de um provável vazamento rápido para montante do volume de água acumulado até ao refeitório e parte do meandro da Virgem Traiçoeira até à cota dos 196 metros. Esta observação feita em Setembro de 2016 já foi documentada na interpretação dessa zona.
Figura Nº 20 - Observam-se na parede os testemunhos de antigos níveis de depósitos posteriormente removidos.
Em cheia a força do fluxo de água vai transportando progressivamente a areia e depositando-a (quando a energia da corrente de água diminui) a jusante mesmo até cotas mais elevadas (196m) no chão do meandro como já foi referido e ilustrado quando se fez a interpretação dos resultados observados depois do poço da Virgem Traiçoeira e ao longo de todo o meandro para Este. Neste meandro e a partir de determinada altura (zona média) deixa de haver vestígios de areia. Esta passa, por entre os blocos do chão, para baixo. Na pequena galeria no interior da Cabeça do Crocodilo há sempre deposição de areia e um pequeno lago. Sobre a ou as ligações a montante dela (desconhecidas) não é possível fazer qualquer avaliação (possivelmente será a atual conduta mais importante para a passagem do fluxo ou fluxos provenientes do interior).
9.1.2 - Zona intermédia da gruta - A aparente estabilidade de um possível e pequeno nível suspenso residual na passagem da Cabeça do Crocodilo não revela a sua importancia no aporte e remoções de areias com origem (muito provável) no interior e nas zonas superiores. Este transporte poderá ter provocado acumulações em ocos intermédios podendo vir a criar importantes variações nos caminhos e orientações dos eventuais fluxos de drenagem em cada ano e nos próximos anos. Aparentemente e durante o período de abaixamento interno dos vários níveis observa-se uma situação de interptretação controversa a jusante da passagem da Cabeça do Crocodilo. Após a bombagem do sifão, de ligação ao exterior, em Maio de 2014 e das várias desobstruções realizadas até ao fim do verão ultrapassou-se a Passagem do Lançamentos. Com vários locais de substanciais depósitos de areia já ultrapassados nada fazia prever a imagem que se nos deparou para montante. Uma ligeira rampa ascendente onde ocorreu um grande depósito de areia que foi posteriormente erodido por uma pequena escorrência criando um espetacular meandro na própria areia.
Figura Nº 21 - Foto da esquerda - Parte superior do depósito de areias e espaço lateral por onde se efetuou a drenagem que, mais abaixo se fez em encaixe no meandro na areia.
Foto da direita - erosão em depósito lateral a cerca de 185m. (Foto: José Ribeiro)
Ao deslumbramento estético do momento seguiu-se alguma estranheza. Como ocorreu esta evolução? Este local tem uma cota de 180 metros. Estamos um metro abaixo da Cabeça do Crocodilo a montante mas pelo meio há uma cota com 185 metros para ultrapassar. Os principais fatores favoráveis a esta evolução local são o mais rápido escoamento do nível interno a jusante do ponto mais elevado do chão da galeria até à Cabeça do Crocodilo (185m), para montante deverá ser bastante mais lento. Um indicador favorável a uma pequena diferença do nível interior acima dessa cota é documentado pela foto da direita. Houve um ligeiro transvase por este local à cota de 185 metros devido a manutenção pontual e limitada (terraço lateral de areia) dos níveis interiores após a paragem do luxo de cheia e evolução do seu esvaziamento (2013/2014). A explicação desta variação passa assim para a evolução dos vários níveis hidrológicos a montante desta parte da cavidade. A alimentação a partir do nível interior mais elevado (198m) deixa de se fazer quando a água baixa da cota dos 196/197 metros como referimos oportunamente. Foi ainda constatado que na parte terminal da gruta o abaixamento total deste nível mais elevado por esvaziamento foi relativamente rápido até cerca dos 190 metros. Uma eventual explicação só pode ser encontrada na parte desconhecida de condutas entre a passagem da Cabeça do Crocodilo e o desenvolvimento inferior do Meandro da Virgem Traiçoeira na sua ponta ocidental. Não foi considerada uma eventual pequena escorrência através da obstrução terminal da Galeria 2014 (facto possível mesmo com o aparecimento de uma boia nessa galeria).
Apresenta-se de seguida a disposição de todos os depósitos de areia com localização exacta e fotografia ilustrativa da sua dimensão (observações de 2014).
As figuras Nº 22 e Nº 23 ilustram, em planta e em perfil quer a localização dos depósitos, quer a observação da sua volumetria, quer ainda as alterações durante esse ano, posteriores à sua deposição, como a remoção parcial que criou as vagas de superfície (Foto: pontos de topografia (pt) chão 4.6-4.7), os meandros e o colapso parcial de terraços laterais (Foto: pt chão 4.9-4.10). Ilustram-se ainda dois depósitos nas imediações da passagem da Cabeça do Crocodilo (Pormenor e rampa de areias).
Figura Nº 22 - Planta parcial do levantamento topogáfico da cavidade representando a zona onde se
observou a remoção das areias (pt 4.6 a 4.11 - estações do levantamento topográfico CEAE-LPN).
Figura Nº 23 - Perfil parcial do levantamento topogáfico da cavidade representando a zona onde
se observou a remoção das areias (perfil entre pt 4.6 e 4.11 - levantamento topográfico CEAE-LPN.
No ano seguinte e novamente após bombeamento do sifão na Zona da Passagem da Lengalenga em 6 de Junho de 2015 acedemos à zonas atrás ilustradas cujo aspeto passamos a documentar. Toda a areia dos meandros foi levada para jusante e a rampa entre 4.10 e 4.11 sofreu uma acentuada redução de volume.
Figura Nº 24 - Ilustração de dois dos locais onde os fluxos subterrâneos do inverno de 2014
fizeram remoção de areias (foto da esquerda - pedra ao fundo 4.7 indicada na Fig. 4.9 e
foto da direita - chão 4.10 - 4.11 na mesma figura). (Fotos: Pedro Pinto).
Nesta exploração o primeiro trabalho realizado foi a bombagem da passagem a -9m (Cabeça do Crocodilo) e a retirada de alguma areia para se aceder à galeria interior. Verificou-se ter um desenvolvimento quase horizontal com orientação para Este cujo estreitamento progressivo inviabilizou a progressão quer no possível desenvolvimento superior quer no inferior.
Figura Nº 25 - Planta e perfil da pequena galeria para o interior da passagem da Cabeça do Crocodilo. (Topografias. CEAE-LPN).
A passagem da Cabeça do Crocodilo é a mais notável e possivelmente a principal passagem de drenagem do nível superior para a conduta principal (Fig. Nº 26). Está profundamente trabalhada pela passagem da água apresentando ainda em alguns locais arestas serrilhadas resultantes do frequente impacto de areias por projeção cuja energia cinética é potenciada pela velocidade do fluxo da corrente. Também é notório o maior desgaste basal efetuado pelo seu transporte como importante e continuada carga de fundo.
Figura nº 26 - "Cabeça do Crocodilo". Atual passagem ascendente da água à cota de -9 m em relação à entrada da cavidade. (Foto: André Reis).
No prosseguimento da exploração a 10 de Junho em níveis superiores verificou-se ao passar na "Cabeça do Crocodilo" que o nível da água estava a cota mais elevada do que na altura da bombagem (4 dias antes). No leito do alto e longo meandro que se desenvolve na direção Este na aparente continuação da pequena galeria que se segue à "Cabeça do Crocodilo" e a pouco mais de uma quinzena de metros mais acima não foram observados vestígios de água. Ela só volta a aparecer a cerca de 7 metros mais abaixo (190m) no fundo de uma fenda lateral com orientação para norte e ortogonal ao meandro referido após cerca de 130 metros de meandro (final da galeria da Virgem Traiçoeira).
Há alguma dificuldade em perceber a movimentação de areias entre a Passagem da Cabeça do Crocodilo e a Passagem do Lançamento no Inverno de 2014/2015, com a sua deslocação para o interior desta última e para a sala a jusante dos depósitos atrás documentados. Foram recolhidas várias amostras das camadas de areia (2015) num dos locais mais relevantes da cavidade neste aspeto - sala a jusante da Passagem do Lançamento. Não é possível fazer uma comparação, dessas camadas, com as observadas em 2014 na ampla galeria logo a montante dessa passagem por não haver termo de comparação (exceto por fotos de âmbito geral). Só nos próximos anos poderemos obter informação mais detalhada. Neste local, para além das dificuldades postas pela remobilização na conduta principal, poderá existir um débito ou eventualmente aporte de areias pela pequena estreiteza, não explorada a nível inferior (ponto de interrogação no pequeno mapa da foto maior na fig. Nº 27).
Figura Nº 27 - Camadas, em depósitos de 2014, localizadas na área indicada pela seta verde (pequeno recorte da topografia) completamente removidas durante o inverno desse ano. Na foto da direita, depósito na sala a seguir à Passagem do Lançamento em Outubro de 2015 no ponto indicado pela seta vermelha no pequeno recorte. As fotos têm escala semelhante. (Fotos: José Ribeiro e Pedro Pinto)
A pequena serie de fotografias que se segue permite uma visão um pouco mais detalhada e ilustrativa da dimensão e efeito destes depósitos nestes poucos metros de gruta.
Figura Nº 28 - Foto da esquerda é a saída da Passagem do Lançamento para montante.
Foto da direita é um pormenor interno após a passagem do explorador (2015). (Fotos: André Reis)
Figura nº 29 - Goteira intermédia entre a sala das areias e Passagem do lançamento (2014). (Fotos: José Ribeiro e André Reis)
O facto de existir esta importante alteração da posição e acumulação de areias poderá influenciar e, eventualmente, alterar os caminhos do fluxo da água. Na conduta principal esta possibilidade é remota e o local agora analisado é o mais relevante. A margem para o aumento de volume de deposição de areia na sala a jusante da Passagem do Lançamento é grande. Ao longo dos anos da nossa exploração (após desobstrução da Passagem da Lengalenga) este local de acumulação de areia tem tido sempre um ligeiro aumento de nível mas que, aparentemente, será inferior ao volume depositado em cada ano.
Desconhece-se qual o caminho do provável e eventual trajeto de transporte das areias para jusante da sala de acesso à Passagem da Lengalenga. No entanto também há acumulações importantes nesta parte da gruta (zona antiga) e alterações da localização dos depósitos. Ponto da topo 38?
Figura Nº 30 - Zona de areia apenas a poucas dezenas de metros para jusante da Passagem da Lengalenga. (Fotos: André Reis)
NOTA: - Ao longo de toda a gruta há zonas com quantidades substanciais de areia e outras sem areia independentemente das dificuldades de movimentação (desníveis importantes). Como se realiza o seu deslocamento nas zonas intermédias?