Mergulho espeleológico na Gruta do Meio

Numa actividade conjunta CEAE / NEUA / AES / GES, no passado dia 14 de Novembro, efectuou-se um mergulho no lago principal da Gruta do Meio, com o intuito de localizar possíveis galerias submersas. Executou o mergulho o espeleomergulhador do NEUA, Miguel Lopes, auxiliado por mais de uma dezena de espeleólogos das quatro associações.

 

A gruta do Meio é uma cavidade descoberta pelo CEAE em Setembro de 2007, localizada no Cabo Espichel, Parque Natural da Arrábida. É a segunda maior cavidade deste maciço e a segunda maior cavidade portuguesa a sul do Tejo.

A gruta desenvolve-se nos calcários do Jurássico Superior que caracterizam a ponta do Cabo Espichel, com os respectivos estratos dispostos numa inclinação de cerca de 60º para norte. Abre-se sobre a falésia a 36 m de altitude, seguindo-se uma zona um pouco labiríntica com tendência descendente, implicando diversas passagens estreitas, até desembocar a cerca de -10 m (abaixo do nível da entrada) numa série de salas amplas; daqui acede-se através de poços e rampas até ao nível do mar, onde encontramos dois lagos influenciados pela maré. A partir daí progride-se por uma nova série de galerias ascendentes, com algumas salas de dimensão considerável, até +46 m, perfazendo um desnível total de 82 m. Actualmente, a gruta apresenta um desenvolvimento de galerias e um volume topografados respectivamente de 430m e 2.520m³.

Em cavidades com as características da Gruta do Meio, o espaço e a necessidade de negociar estreitezas, umas vezes longas e outras vezes algo contorcidas, são factores limitativos quanto ao equipamento e às configurações de mergulho a utilizar.

Nestas condições o sidemount com pequenas garrafas de alta pressão torna-se a opção evidente. Ao mesmo tempo que fora de água permite fazer passar os equipamentos pelas mais variadas e acentuadas “contorções”, dentro de água permite, se assim vier a ser necessário, ultrapassar estreitezas.
Dada a temperatura prevista da água (17/18ºC), o plano de mergulho e as limitações acima referidas, foi também decidido não utilizar fato seco.


Configuração:
Fato neoprene 5mm de duas peças
Colete tipo asa com configuração específica para sidemount
Garrafas 2x4 litros a 300bar, em sling
Reguladores (cada um): 1º andar DIN, 2º andar, manómetro pressão com mangueira de 15cm, mangueira colete
Iluminação de LEDs

Breve descrição do mergulho: chegados ao local de início da imersão, e face a duas alternativas para a entrada na água, foi decidido fazê-lo pela situada mais a ocidente, evitando um salto para a água que poderia perturbar irremediavelmente a visibilidade. Realizadas duas amarrações iniciais ainda fora de água e equipado o mergulhador deu-se inicio à imersão.
Após uma estreiteza a cerca de -2m a galeria desenvolve-se basicamente na vertical atingindo os 5 metros de profundidade. Não foi possível localizar qualquer continuação. Dada a quantidade, localização e tipo de sedimento, a visibilidade ficou rapidamente reduzida a zero. Efectuado o caminho inverso, foi ainda tentada a localização de uma qualquer passagem noutro ponto, sem resultado. Foi efectuada a recolha de uma amostra de água e de sedimento.

Fotografias: Marco Costa (NEUA) e Rui Pinheiro (NEUA)

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